Política no Brasil não é coisa só para corrupto, coronel dono de curral eleitoral e gente disposta a topar qualquer parada pelo poder, é também coisa de família, que tá no sangue, coisa que passa de pai pra filho ao longo de gerações e tem sido assim desde quando se começou a fazer política em nossas terras.
É por isso que por essas bandas, as coisas mudam, mas tudo parece permanecer como era antes. Tudo fica no mesmo lugar. A razão é que a renovação que se tem visto no cenário político é quase sempre só de rosto. Não tem existido, de fato, uma grande renovação de sangue, pois o novo político que, geralmente, surge a cada nova eleição carrega nas veias o mesmo sangue ruim e manchado pela corrupção daquele que o antecedeu no clã e que também foi a porta de sua entrada para o cargo eletivo que passou a ocupar.
Assim, nessa terra onde as canções falam de uma gente brava e guerreira, o que vemos mesmo, na realidade, é um povo calado ou, quando muito, revoltado virtualmente, assistindo a manutenção, numa espécie de reedição do antigo sistema de capitanias hereditárias, de todo um mecanismo de controle que tem se sustentado na atualidade por meio de instituições corrompidas e mecanismos supostamente legais.
Esses institutos reguladores encarregados de manterem as coisas como estão há anos, diante do cenário caótico e fétido que vem se instalando no Brasil desde o escândalo do Mensalão até a Lava à Jato - para se limitar apenas aos problemas mais recentes de nossa nação - se encarregam, por meio de seu braço mais vil e enganador, a mídia, de fazer a população acalmar os ânimos ao difundir a ideia de que mesmo diante do balde de carniça institucional a nos incomodar com um mal cheiro sem precedentes, nada fugiu do controle, que todas as instituições estão funcionando.
O irônico diante de tudo isso não é ouvir a constante mensagem das mentes mais malignas de nossa nação, através da mídia comprada, de que todos os mecanismos institucionais estão funcionando. O mal maior, é perceber o que não funciona. E o que não funciona? O que não funciona, parafraseando o grande pastor batista Martin Luter King, é a indignação dos bons contra a maldade que reina em nossa nação. O que não funciona, usando a linguagem do profeta bíblico Oséias, é a voz profética de um povo que deveria denunciar os desvios de seus líderes públicos. O que não funciona, é o compromisso de cidadania em boa parcela de nossa gente.
Diante de uma condição tão servil e inumada a que chegamos, o que pensar dessa brava gente brasileira? Qual tipo de sangue que corre em suas veias para deixá-los tão apáticos e indiferentes àquilo que se tem feito ao Brasil ao longo de mais de quinhentos anos? Com toda a certeza, não corre em suas veias o sangue dos políticos. Contudo, não parecem possuir também o sangue de gente. Seria, por ventura, o sangue de jumento; um sangue servil, domesticado e acostumado com o lixo.
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