O Senhor Jesus
estivera na Judéia. Ante, porém, a fúria das autoridades judaicas contra ele, que
vai culminar na firme determinação de matá-lo, retira-se para uma aldeola para
a região da Peréia. Mal chegara a este lugar, e eis alguns mensageiros
procedentes de Betânia, levaram-lhe um recado de Marta e Maria, incisivo e
peremptório: "Aquele que tu amas, está à morte". Referia-se a Lázaro,
irmão das suplicantes. Jesus, diante desse urgente chamado, aparentemente
indiferente, deixou-se ficar no lugar onde se achava. E por que não foi logo? É
a pergunta que nos fazemos muitas vezes. Deus não tem pressa nesses casos. Ele
vê aonde nós não vemos e nem podemos ver Sua Mão potente dirigir tudo para o
nosso bem, pois ele é nosso Pai e um Pai que nos ama profundamente. Se Jesus
tivesse ido tão logo recebeu a notícia a respeito de Lázaro, teria apenas
curado um enfermo; indo, porém, depois de alguns dias, ressuscitou um cadáver
em franco estado de decomposição e que na sepultura se achava há quatro dias.
Jesus, afinal,
rumou para Betânia, aldeia situada há pouco menos de três quilômetros de
Jerusalém. Ao aproximar-se dela, não entrou. Viu-a, entretanto, toda coberta de
luto. Lágrimas, soluços, choro, lamentações. Falou com Marta e depois com
Maria. O povo que confortava as duas irmãs enlutadas acompanhou Maria na
direção de Jesus.
E a multidão,
seguindo o Divino Mestre e as duas irmãs de Betânia, se dirigiu à gruta, onde
Lázaro há quatro dias se achava sepultado. Cena comovente. Todos choram. Jesus
também chorou.
Lázaro fora
sepultado, de acordo com o sistema judaico numa espécie de caverna, cavada em
profundidade na rocha, a cuja boca estava colocada enorme pedra, para impedir a
entrada de animais, bem como de possíveis ladrões.
O Senhor Jesus
Cristo ia realizar o maior milagre do seu ministério terreno: a ressurreição de
Lázaro, morto há quatro dias e, no dizer de Marta (João 11.39) "já
cheirava mal". Nessa altura dos acontecimentos o Filho de Deus ordena:
"TIRAI A PEDRA". Referia-se à PEDRA que fechava a boca do sepulcro
onde Lázaro estava. Se Jesus ia fazer o máximo, isto é, chamar à vida aquele
que há quatro dias morrera, não poderia ter feito o mínimo, isto é, remover,
pela sua onipotência, a pedra que fechava o sepulcro? Poderia! E por que não o
fez, então? Em primeiro lugar, por respeito à vontade humana; em segundo, para
deixar-nos uma sublime lição de cooperação: para os seus extraordinários
trabalhos, conta sempre com a nossa participação; em último lugar, a lição
maior na linha de pensamento que nos dirige nesta meditação: o que o homem tem
que fazer Deus não faz; e o que Deus tem que fazer o homem não pode fazer.
Para Jesus
chegar a Lázaro, no sepulcro, exigiu que a PEDRA FOSSE RETIRADA. A PEDRA estava
sendo um impedimento, um estorvo, um embaraço. E Jesus ordenou: "TIRAI
A PEDRA". A ordem é clara: "TIRAI A PEDRA". Não
admite divagações: "TIRAI A PEDRA". Representa a expressa
vontade do Mestre: "TIRAI A PEDRA". E essa PEDRA, que
constituía um OBSTÁCULO à manifestação do poder de Deus, precisou ser
retirada.
Jesus está
desejoso de chegar à nossa vida, ao nosso coração, muitas vezes amortecido pelo
pecado e pelos embargos da matéria, mas nem sempre pode, pois à boca do nosso
coração, jaz uma pedra, isto é, um IMPEDIMENTO. E qual será a PEDRA que
o Senhor Jesus encontra em nossa vida?
PECADOS
ENCOBERTOS
Para muitos a
PEDRA vem a ser um pecado encoberto. Quantos fazem como Moisés: matam o
egípcio, enterram-no na areia e continuam na vida como se nada houvera.
Raciocinam: ninguém viu. E porque ninguém viu, acham que tudo está muito bem. E
o pecado encoberto produz tristeza, traz intranquilidade, rouba a paz, apaga o
fervor, mata a amizade, esfria o coração, leva o crente a deixar o seu
primeiro amor, tão reclamado pelo Senhor Jesus da Igreja de Éfeso. O crente
está frio nos trabalhos da sua igreja: não comparece à igreja, não tem prazer
em contribuir, nem em cantar louvores ao Senhor, nem de orar e nem de tomar
parte positiva nas atividades do Reino de Deus. Frieza não é causa, é consequência. A causa disso é PECADO encoberto. A mãe não sabe nem o
pai, nem o Pastor; talvez o esposo não saiba, ou a esposa, mas Deus sabe, Deus
vê, Deus conhece o nosso coração. Que pecado escondes em teu coração? Sonda o teu
coração, esquadrinha a tua alma. A tua indiferença para com os trabalhos de tua
igreja, a tua falta de amor, o teu pouco interesse na obra de Jesus, a tua
falta de energia, o teu pouco amor, a tua displicência para com os
empreendimentos do Reino, tem, como causa um pecado ENCOBERTO. É uma PEDRA
à boca do teu coração. Impede a aproximação de Jesus. Jesus quer chegar à
tua vida, mas não pode. Aí está posta a grande
pedra. E a ordem do Senhor é terminante: "TIRAI A PEDRA". Não
deixes para amanhã, comece a tirar agora, com a GRAÇA do Senhor.
Confessa teu pecado a Deus! Purifica o teu coração. Seja qual for a pedra,
retira-a, pois é ordem do Senhor Jesus.
NEGÓCIOS
ILÍCITOS
De vez em quando
ouvimos de negociantes desonestos, que lesam o fisco neste ou naquele imposto,
em vendas sem as devidas notas. E às vezes um servo de Deus, inadvertidamente
ajuda essa forma de furto. Ou então na escritura de terrenos por preço muito
aquém da realidade; ou ainda nos impostos sobre a renda, desviados para esta ou
aquela instituição, fora, portanto daquilo que está previsto em lei. E atrás
disso tudo vem o protesto da consciência iluminada pela palavra de Deus. E a
desculpa não tarda: "todo o mundo faz isso". Não é verdade, pois há
muita, muita gente que não faz isso. Não raro ouvimos de leite com água,
produtos químicos adulterados, remédios falsificados, pesos infiéis... E logo
vem o estribilho: "Todo o mundo faz..." Contrabandos, de grande
vulto, outras vezes, pequeninos; mas da mesma natureza, com os mesmos objetivos
e todos oriundos de corações ímpios. E vem o estribilho: todo o mundo faz. Isso
é PEDRA — à porta do coração. Jesus não toca nessas vidas; não pode abençoá-las
e nem enriquecê-las. E a ordem do Mestre ó terminante como sempre: "TIRAI
A PEDRA"... Hoje, agora VIDA IMPURA. Jesus, reiteradamente,
condenou nos Evangelhos este mundo, com exclamações que partiam do fundo do seu
coração: "GERAÇÃO ADÚLTERA e perversa". O adjetivo
"adúltera" deve nos impressionar sobremaneira, o coração é a fonte da
impureza. E essa, Imite e alimentada pelos veios de revistas eivada de imoralidades;
cinema corrupto e corruptor; teatros indecentes; programas de rádios às vezes
grosseiros e insinuantes; programas de TV semeadores de males. E dessas coisas procedem
abominações maiores, tais como os maus desígnios, as fornicações, os furtos, os
homicídios, os adultérios, as avarezas, as malícias, o dolo, a lascívia, a
inveja, a blasfêmia, a soberba e a loucura. São PEDRAS. Não adianta
justificar. Jesus manda com poder e autoridade: "TIRAI A PEDRA".
RAIZ DE AMARGURA
Hebreus 12.15
nos fala de "raiz de amargura que brotando, os perturbe, e por ela sejam
muitos contaminados". O apóstolo nos adverte quanto à cólera, à ira,
pecados semelhantes à amargura. É tão fácil cortarmos relações com nosso
semelhante; guardarmos mágoa deste ou daquele; e isso se vai transformar em
ódio. Nesse caso, o amor desaparece. A peçonha é trazida para o curso da nossa
vida. Passamos a enxergar tudo preto. A nossa, vida é dominada por uma
perturbação terrível. E contaminados por esse vírus maldito, passamos a
contaminar outros. Gravíssima enfermidade. Isso se verifica, quantas vezes
dentro de nossas igrejas, no seio de nossa família, prejudicando a comunhão
fraternal e solapando as bases de nossos lares. É uma PEDRA. Essa PEDRA
precisa ser retirada. E é o que Jesus nos manda: "TIRAI A
PEDRA"...
FURTO
Em Efésios 4.28
o Apóstolo aconselha e ao mesmo tempo manda: "Aquele que furtava, não
furte mais"... É tão fácil furtar. Ao falarmos em furto, pensamos logo em
bens materiais. Mas furtar não atinge somente isso. Furta-se o tempo, a honra,
o conceito, o bom nome e tantas coisas mais. Não há dúvida que é na escala
material onde o homem claudica mais no furtar. E precisamos pensar que o FURTO,
aos olhos de Deus, é tanto coisa de qualidade, como de quantidade. E à luz
desse critério, quantas coisinhas são furtadas diariamente: um selo, uma
borracha, um lápis, uma flor, uma folha de papel uns poucos cruzeiros na gaveta
do patrão, uns minutos da firma onde se trabalha. PEDRA... PEDRA.
Precisa ser retirada. E a retirada desta PEDRA, deve ser com
restituição, isto é, devolver aquilo que foi tirado, urgentemente, para que o
Senhor Jesus possa chegar ao nosso coração...
MALEDICÊNCIA
Maledicência é a língua venenosa a espalhar a sua peçonha por toda a parte. O maledicente usa a sua língua para o mal, para semear discórdia, para separar casais, para desunir irmãos, para trazer aborrecimentos, tristezas, amarguras. O maledicente vê o que não existe; suspeita mal sempre; inventa, exagera, calunia, perverte. E a calúnia é como a ferida, mesmo curada, deixa a cicatriz. A maledicência é um flagelo na igreja, uma devastação na comunidade e como um tigre feroz solto dentro da nossa casa. Deus não pode, em tais circunstâncias, chegar ao nosso coração com suas bênçãos maravilhosas. A maledicência é uma PEDRA. E PEDRA é impedimento à manifestação do poder de Deus em nossa vida. O Senhor não quer acordo com essa Pedra. Deve ser retirada. E a voz do Mestre continua a ordenar: — "TIRAI A PEDRA".
NEGLIGÊNCIA
Terrível pecado
a negligência. Deixamos de fazer o que sabemos deveria ser feito; outras vezes
protelamos nossas obrigações. Deixamos nos levar, frequentemente, pela
filosofia do demônio do "não vale à pena". Não vale a pena distribuir
evangelhos e Bíblias e a literatura evangélica em geral; não vale a pena nos
reunirmos para orar; não vale a pena empreendermos novas campanhas de
evangelização; não vale a pena contribuirmos mais para a nossa igreja; não vale
a pena sustentarmos missionários; não vale a pena consagrarmos nossa vida
inteiramente ao Senhor; não vale a pena mantermos programas de rádio; não vale
a pena sustentarmos órfãos e nem praticarmos a beneficência. E com essas PEDRAS
no caminho das realizações do Senhor, Jesus não chega à nossa vida. Jesus
permanece à porta do nosso coração, desejoso de nos abençoar; e ordena: "TIRAI
A PEDRA".
E as pessoas da
casa de Marta e Maria que ouviram a ordem do Mestre: "TIRAI A
PEDRA", não questionaram com o Senhor, não; mas lhe obedeceram
prontamente, retirando a PEDRA. A PEDRA, uma vez retirada, desembaraçou
o caminho do Senhor Jesus. E o Mestre orou ao Pai, e após a oração, clamou com
grande voz: "Lázaro, vem para fora..." E Lázaro saiu. Voltou à
vida. A morte desapareceu, a alegria voltou. Fez-se dia naquelas vidas. O nome
de Deus foi glorificado e todos beneficiados. Tudo, por causa do cumprimento de
uma ordem do Divino Mestre: "TIRAI A PEDRA".
E Jesus ordena
hoje, como ordenou nos dias de Lázaro, a cada coração: TIRA A PEDRA. E
que PEDRA está à boca do teu coração? Para, um instante no caminho da
tua vida; examina o teu coração; sonda a tua alma! Estás espiritualmente frio?
Não tens tido mais prazer nas coisas do Senhor? Não sentes paixão pelas almas
perdidas? Não sentes alegria na companhia dos remidos do Senhor? Nem na leitura
da Bíblia? Nem na oração? Alguma PEDRA está no teu coração! Não discuta.
Muita gente, talvez não sabe que tens essa pedra em tua vida, mas o Senhor
sabe. Deus põe neste instante o seu dedo no teu pecado e manda com poder: TIRA
A PEDRA...TIRA A PEDRA... TIRA A PEDRA. E o Senhor continuará ordenando: TIRA
A PEDRA... Se tirares a PEDRA, Deus fará o glorioso milagre, operará
a maravilha em tua vida. TIRA A PEDRA... Vale à pena: TIRA A PEDRA...
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Fonte: TOGNINI, Enéas. Tirai a Pedra. 5ª Edição. Edições Enéas Tognini: São Paulo, 1978.
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Fonte: TOGNINI, Enéas. Tirai a Pedra. 5ª Edição. Edições Enéas Tognini: São Paulo, 1978.
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