No último 19 de novembro, domingo passado, o Brasil parou - pelo menos os militares pararam - para, na linguagem dos militares, cultuar um dos mais importantes símbolos da nação brasileira: a bandeira do Brasil. E por que fizeram isso? E para onde esse símbolo aponta? E qual a razão de ser de sua existência?
Embora imagine que grande parte dos brasileiros, muito provavelmente, não saibam responder esses questionamentos, o dia da bandeira, extremamente comemorado por militares, e quase esquecido pelo resto da nação, aponta e existe por causa da proclamação da república anunciada pelo Marechal Deodoro da Fonseca em 15 de novembro de 1889.
Acontece que após a proclamação da república anunciada por Deodoro, que também se tornou o seu primeiro presidente, não se tornou uma coisa pública, como sugere e significa a palavra república em seu idioma original, o latim. O que aconteceu, na verdade, foi uma transferência de propriedade. Os antigos monarcas cederam, involuntariamente, o direito de posse para os novos donos do Brasil.
Essa é ainda a realidade que permeia, lamentavelmente, a nossa nação. Não temos ainda uma república, mas uma nação de muitos donos. Os Sarneys, no Maranhão, os Calheiros e Collors, em Alagoas, os Barbalhos, no Pará, os Campos ou Arraes, em Pernambuco, os Marinhos, na mídia, são apenas alguns poucos exemplos daqueles que se apossaram da coisa pública brasileira fazendo da mesma algo de natureza privada.
Na república brasileira, onde o público é tratado como privado, o que temos a comemorar? Diante dessa realidade, que torna o que é do povo propriedade de apenas alguns, porque parar e cantar salve o lindo pendão da esperança? Por que celebrar o que ainda não é uma realidade? O que ainda não veio? Desse modo, acredito que no 15 ou 19 de novembro o melhor a fazer é perceber que não temos nada a comemorar e usar essas datas como alimento para construir, de fato, uma nação que possa receber o título de república.
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