“Levantou Ló os olhos e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada (antes de haver o SENHOR destruído Sodoma e Gomorra), como o jardim do SENHOR, como a terra do Egito, como quem vai para Zoar. Então, Ló escolheu para si toda a campina do Jordão e partiu para o Oriente; separaram-se um do outro” (Gn 13:10-11).
O texto que acabamos de ler, embora
exponha um fato que ocorrera a mais de quatro mil anos atrás entre dois homens,
retrata de maneira bastante atual o modo como muitos ainda fazem hoje as suas
escolhas. Como eles geralmente se comportam diante das situações que a vida lhes
apresenta. Assim, quando olhamos a forte ênfase dada a aparência pelos meios de
comunicação em nosso mundo pós-moderno, induzindo dessa forma as escolhas que
fazemos, não estamos realmente a ver algo novo, pós-moderno, atual, mas a
repetição de um comportamento nocivo à humanidade que vem se propagando desde a
queda do homem, quando Eva, enganada pela serpente e atraída pela aparência do
fruto, desobedece aos mandamentos de Deus (Gn 3:1-6).
Portanto, o nosso propósito nessa breve
exposição é demonstrar, de maneira inequívoca, através do exemplo de vida de Ló,
o perigo de fazer escolhas tomando como base a aparência. Entretanto, antes de
discorrer sobre o perigo extremado de escolher baseado em aparências é preciso
ter em mente inicialmente dois aspectos inerentes ao assunto. Primeiro,
na vida sempre estaremos fazendo escolhas.
Já parou para pensar nisso? Não existe a postura passiva diante da vida, pois
mesmo a passividade diante da vida representa uma escolha e traz muitos
prejuízos à vida de quem assim procede. Isso indica que não se está inseto de
fazer escolhas. Segundo, o homem é moralmente responsável pelo que escolhe. Colhe o
que semeou. Daí a importância de nesta oportunidade discutirmos esse tema. De
nos debruçarmos sobre o mesmo. De aprender a escolher, sobre tudo com o exemplo
dos outros. Assim, observando a vida de Ló aprendemos:
Primeiro, as nossas escolhas não
devem ser feitas pela aparência, pois a aparência engana. Você já escutou isso? Creio que todos
nós já tivemos oportunidade de escutar esse provérbio. É fruto do conhecimento
popular, mas que carrega em si grande verdade. É o mesmo que dizer: “quem vê cara não vê coração” ou “nem tudo que brilha ou reluz é ouro”. Entretanto,
é surpreende observar que esses provérbios não são verdades de nossa geração.
Não estão latentes apenas em nossa sociedade. Eles estavam também presentes no
tempo no qual Ló viveu. Eram verdades bem conhecidas de sua geração. E isso é
claro no texto bíblico que lemos. A passagem nos fala que Ló ergue seus olhos e
observa a campina do Jordão. Vê que a campina era bem regada e formosa como o
jardim do Senhor. Segundo essa descrição, somos levados a acreditar que Ló
estava diante de algo realmente maravilhoso à primeira vista. Algo esplendido
diante de uma análise superficial. Contudo, o texto nos revela cousas que não
podiam ser percebidas na superfície, mas somente através de uma análise mais profunda,
uma radiografia espiritual dos habitantes daquela região, pois “... os homens de Sodoma eram maus e grandes
pecadores contra o Senhor” (Gn 13.13). O que isso quer dizer? Que Ló não
havia levado em consideração os prós e os contras em sua escolha. Ele havia
pensado apenas nos benefícios que a terra lhe proporcionaria. Não pensou que
estava indo para um lugar onde a maldade e o pecado, isto é, todo o tipo de
atitude que desagrada a Deus era praticado frequentemente. Pensou estar indo
para o céu, mas se embrenhava em um grande abismo.
Segundo, as nossas escolhas não
devem ser feitas pela aparência, pois as mesmas determinam o nosso futuro.
Isso equivale a dizer que o nosso sucesso ou fracasso futuro depende de nossas
escolhas no presente. Que o aqui e agora determinam o amanhã. Que o presente e
o futuro são tecidos em uma mesma teia. Depositar, desse modo, em escolhas
feitas pela aparência o destino de nossas vidas é uma atitude um tanto
negligente, inconseqüente e equivocada. É brincar com coisa séria. É correr um
risco desnecessário. Contudo, de acordo com o texto que lemos, é dessa forma
que Ló procede. Seu comportamento foi imediatista; pensou apenas na vantagem
que teria sobre o seu tio diante daquilo que seus olhos estavam a presenciar;
pensou apenas no pasto e na água e em nada mais. Isso nos faz presumir que no
tempo que Ló convivera com o seu tio não aprendera que o temor do Senhor é o
princípio da sabedoria. Todavia, como bem expõe o ditado popular, “quando a cabeça não pensa, o corpo padece”.
Assim, Ló sofreu amargamente as conseqüências daquilo que escolhera levado pela
aparência e não pela análise sólida da situação, pois como o texto acima
exposto declara, Deus destruiu Sodoma.
Amados irmãos, que nessa oportunidade possamos refletir sobre o perigo de
dirigir nossas escolhas pela aparência. Como vimos: o perigo de nos enganarmos
com aquilo que escolhemos; o perigo de por o destino de nossas vidas em
situações arrasadoras; o perigo de perder tudo do dia para a noite. Portanto,
que as nossas bases não sejam lançadas sobre a areia; que o nosso futuro seja
resultado de um planejamento equilibrado no presente; que o discernimento, tão
em escasso em nosso mundo pós-moderno, seja constante em nossas atitudes. Que,
sobre tudo, o exemplo de Ló nos sirva de instrução e correção, tendo sempre em
mente as palavras do apóstolo Paulo aos crentes da Galácia: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois
tudo aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).
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