Introdução
Nesse
pequeno texto, gostaria de chamar sua atenção, a partir da narrativa de Atos
6.1-7, sobre o que a Bíblia nos ensina sobre o ministério diaconal.
Antes,
contudo, perceba que em muitas de nossas igrejas não temos observado o que a
palavra de Deus nos ensina sobre esse importante assunto e, justamente por essa
razão, temos feito mau uso do ministério de diáconos no corpo de Cristo.
Para
fugir dessa lógica, precisamos restaurar a nossa visão sobre o ministério
diaconal ao padrão bíblico. E, de acordo
com o nosso entendimento, o quadro que Lucas nos apresenta da igreja primitiva
em seus primeiros dias é uma ótima oportunidade para isso.
Nessa
passagem, temos importantes informações sobre a primeira comunidade cristã. É
possível, por exemplo, ver nela as seguintes marcas características:
1.
A igreja primitiva, diferente do que
muitos pensam, possuía problemas. Havia gente que era desprezada na hora da
distribuição diária, havia também muita murmuração;
2.
A igreja primitiva era uma igreja
plural. Era formada por judeus tanto helenistas e hebreus;
3.
Os crentes dessa igreja eram chamados de
discípulos, ou seja, aprendizes, seguidores;
4.
A igreja possuía multiplicidade de
presbítero; algo que não é muito comum em igrejas batistas na atualidade.
5.
A igreja primitiva resolvia os seus
problemas de maneira democrática; não era, por exemplo, os apóstolos, um pastor
presidente, um colegiado de presbíteros ou mesmo um papa que decidia
unilateralmente os rumos da igreja.
Além
dessas informações, segundo alguns estudiosos, no texto de Atos 6.1-7, também
temos as primeiras informações sobre o ministério diaconal.
E o que essa passagem
nos traz? Nela podemos identificar as marcas mais importantes do diaconato.
I. A definição do ministério diaconal.
O
que é ministério diaconal? De acordo com a passagem lida, o ministério de
diáconos e aquele voltado para o serviço das mesas. O que é isso? A ideia é que
os diáconos seriam aqueles voltados para atender as necessidades físicas ou
materiais daqueles mais carentes da comunidade; o que se alinha com o ensino de
nosso Senhor Jesus que nos deu a entender que o homem também precisa de pão.
Desse
conceito, podemos aprender duas importantes lições para a nossa vida em comunidades:
a)
A igreja não deve se preocupar apenas
com o alimento espiritual, mas também com o alimento físico;
b)
Pastores não são autossuficientes. Eles não
conseguem fazer tudo nem atender a todos. E era por isso que havia gente nos
dias da igreja primitiva que falava mal dos pastores da igreja de Jerusalém.
A Escritura não
nos deixa qualquer dúvida que o ministério diaconal deve ser exercido por
pessoas qualificadas. Paulo, o apóstolo, é um dos líderes da igreja primitiva
que destaca essa necessidade quando, por exemplo, orienta o pastor Timóteo a
observar certos pré-requisitos antes de separar aqueles que seriam designados
para o ministério de diáconos:
Semelhantemente,
quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não
inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o
mistério da fé com a consciência limpa. Também sejam estes primeiramente
experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da
mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não
maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja marido de uma só
mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. Pois os que desempenharem
bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez
na fé em Cristo Jesus
(1 Tm 3.8-13).
No
texto que lemos, também vemos essa mesma preocupação. Os diáconos, na comunidade
apostólica, também deveriam demonstrar possuir algumas qualidades antes de
exercer o diaconato. Essas eram: boa reputação (testemunho), plenitude do
Espírito Santo e vida cheia de sabedoria. Noutras palavras, os diáconos
deveriam ter qualidades morais, intelectuais e espirituais.
III.
Autoridade para o ministério diaconal.
Sem sombra de
dúvida, a autoridade última para o desempenho do diaconato vem do próprio Deus,
pois é Ele quem envia trabalhadores para a sua seara. Todavia, aquilo que o
nosso soberano Senhor determina no plano divino é concretizado no plano terreno
em harmonia com a sua igreja, o corpo de Cristo na terra.
Portanto, aquilo
que Deus decretou no céu ao habilitar seus servos para a obra do ministério
diaconal é reconhecido pela igreja e seus líderes ao separar os diáconos dentre
as ovelhas do rebanho para servir o próprio rebanho.
IV. A importância do ministério
diaconal.
A importância do
ministério diaconal para o corpo de Cristo é inegável. Hoje, lamentavelmente,
existe quem não o empregue de maneira adequada, o que deixa de abençoar a vida
do povo de Deus, mas não diminui o seu valor para o corpo de Cristo.
Na narrativa de
Lucas podemos perceber, de modo inequívoco, esse valor e importância do
ministério diaconal para o povo de Deus.
1. O ministério diaconal abençoa a
vida da igreja.
Perceba que na
igreja em Jerusalém havia quem reclamasse; gente que não era bem atendida e
falava mal de seus pastores.
Os diáconos
surgem nesse cenário para dirimir essas dificuldades e abençoar a vida da
igreja e de seus líderes.
2. O ministério diaconal abençoa as
famílias.
No tópico anterior,
vimos que os diáconos foram escolhidos para abençoar a vida da igreja. Contudo,
como eles fariam isso? Esse trabalho seria feito atendendo materialmente as famílias
da igreja, especialmente as mais humildades e necessitadas da comunidade.
3. O ministério diaconal abençoa os
pastores.
Em Jerusalém,
como observamos, um grupo de crentes reclamava da administração de seus
pastores, os apóstolos. Com razão, eles questionavam o modo como estavam
dirigindo a parte material da igreja, pois havia gente que não estava sendo
atendida em suas necessidades.
Os diáconos,
assim, surgem também para abençoar a vida dos pastores de Jerusalém na administração
das coisas da casa do Senhor. De modo concreto, eles dariam oportunidade dos
pastores se dedicarem com maior empenho a oração e a palavra.
Diante desse
quadro geral fornecido pelas Escrituras sobre o ministério diaconal, podemos
concluir que o diácono que preserva a sua vocação é um dom de Deus para o seu
povo, posto que é bênção para a vida de sua igreja e pastor.
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Pr. Hebert Borges
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