Nesses
dias, tenho pensado sobre missões e acredito que é desejo de todo o verdadeiro
cristão fazer a obra de Deus; estar, de alguma forma, engajado no grande
projeto que Ele estabeleceu para redimir a humanidade.
A
leitura, contudo, do primeiro capítulo do livro de Atos dos Apóstolos, parece
exigir de cada um de nós uma pausa antes de se envolver efetivamente na obra
missionário, pois no chama a observar alguns aspectos de elevada importância
para o cumprimento da missão que andam meio esquecidos em nosso atual cenário
missionária.
E
quais são esses aspectos de tão elevada importância para o nosso desempenho
missionário que temos deixado de observar? Os primeiros onze versículos do
livro de Atos, como observamos, os mostram claramente:
I. O conteúdo da missão.
Jesus, antes de ser assuntos aos céus, passou
quarenta dias com os seus discípulos dando instruções sobre o Reino de Deus, o
que nos leva a fazer algumas importantes observações.
a)
A
mensagem do reino é extensa. Jesus havia passado um período de
aproximadamente três anos falando sobre o Reino a seus discípulos. A narrativa
de Atos, todavia, nos faz perceber que assunto ainda não estava esgotado. Os
discípulos de Jesus, antes de se engajar na missão, precisavam de mais quarenta
dias de aulas intensivas.
b)
A
mensagem do reino é importante. Jesus não dedica o
seu ministério a falar do Reino sem razão. Para ele, o Reino é o ponto central
da sua missão e por isso satura os seus discípulos com mais esse período de
instrução.
Lamentavelmente, como
apontamos, temos desprezado esse importante aspecto de nossa vocação missionária.
Falamos muito, mas o Reino não tem encontrado espaço em nosso discurso, pois, diferente
de Jesus e dos discípulos que formou, muito provavelmente, não temos condições de
falar nem uma hora sobre o principal conteúdo da missão.
II.
A missão requer preparo.
O texto que destacamos
deixa claro que os discípulos de Jesus, aqueles que ele havia comissionado para
uma missão, deveriam dominar o um conteúdo – a mensagem do Reino - antes de um
engajamento na obra missionária. Em outras palavras, Lucas está nos dizendo que
os discípulos de Jesus foram preparados para a missão.
Segundo a mensagem
desse evangelista posta em Atos, o preparo dos discípulos para a missão não era
apenas conteudista ou teórico, pois os discípulos também precisavam de um
revestimento de poder.
Essa capacitação de poder trazida pela ação do
Espírito Santo na vida dos primeiros missionários de Jesus era indispensável
para a missão porque é o Espírito quem convence do pecado, da justiça e do
juízo. É Ele também que aplica a obra de redenção na vida do pecador e,
igualmente, que age no missionário para que esse seja bem-sucedido em seu
trabalho.
O que isso nos mostra,
portanto, é que para a missão não existe incongruência entre o preparo
intelectual e o poder do alto. E que sem
o poder sobrenatural do Espírito Santo de Deus a missão não se desenvolve.
Infelizmente, a igreja
brasileira tem se mostrado, em grande medida, indiferente a essas verdades.
III.
A missão requer obediência.
Essa é uma ideia
recorrente nas Escrituras e Josué, Moisés, Abraão e tantos outros homens de
Deus na história da redenção apontam com clareza para essa verdade. No texto de
Atos, Lucas a ilustra mais uma vez ao relatar que Jesus determinou que seus
discípulos não se ausentassem de Jerusalém até que do alto fossem revestidos de
poder.
O
que temos por traz dessa declaração é algo muito simples: para estar engajado
de modo adequado na missão de Deus se deve antes estar submisso a sua vontade.
IV.
A missão tem um foco.
Muitas
vezes temos fracassado no cumprimento da missão que o Senhor tem nos dado
justamente por falto de foco. Isto é,
por causa de nossa incapacidade de encontrar o ponto onde deveríamos concentrar
os todos nossos esforços.
Jesus,
todavia, segundo a narrativa de Lucas, quando chama seus discípulos para a
missão aponta com clareza para o seu foco: testemunhar a seu respeito, essa era
a missão e deveria assumir, com toda a certeza, no poder do Espírito, múltiplas
dimensões.
Olhar para a missão sob essa perspectiva
é um dos grandes desafios de nossos dias, haja vista a tendência cada vez mais
crescente para uma polarização missionária.
V. A missão tem uma geografia.
Qual
é a geografia da missão? Se tomarmos como referência a história da igreja, é possível
perceber que a missão tem se concentrado, em grande medida, nos grandes centros
urbanos, políticos, econômicos, sociais.
Não
podemos negar a importância desses centros para o progresso da obra
missionária. Todavia, a partir da leitura do primeiro capítulo de Atos, somos
levados a compreender que a geografia da missão não se restringe apenas aos
grandes centros. É dever da igreja, a partir de sua posição, irradiar o
testemunho de Jesus para o mundo.
Essa percepção geográfica abrangente de
Jesus para a missão é sobremodo importante, pois impede que a missão de levar o
testemunho de Jesus se transforme num subproduto de uma cultura em particular,
como infelizmente temos observado.
VI.
A missão tem um tempo.
A
maneira como muitas vezes se encara a missão parece indicar que há tempo de
sobra para executá-la. A palavra dos anjos aos discípulos que olhavam para o
alto, no entanto, demonstra justamente o contrário: não temos todo o tempo do
mundo para realizar a missão que Deus nos confiou por meio de seu Filho.
Por esse motivo, enquanto Jesus não regressa,
e enquanto temos vida e vigor, é tempo de fazer missão no poder do Espírito.
No
início de nossa reflexão, destacamos que o livro de Atos em seu primeiro
capítulo nos chama a refletir sobre alguns importantes aspectos da missão antes
que venhamos efetivamente nos engajar na obra missionária. Pensar nesses
pontos, é fundamental para uma melhor atuação na missão que Deus nos chama a
realizar!
______
Pr Hebert Borges
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