Considerações sobre o casamento e a família.


Gênesis 25.27-28

 Na primeira oportunidade que preguei nesta igreja, numa quarta-feira como esta, eu trouxe para os irmãos uma mensagem sobre família baseada no texto de Gêneses 24.1-67 sob o seguinte título: Casamento não é loteria. A idéia era demonstrar, a partir do casamento de Isaque e Rebeca, que a Bíblia nos apresenta regras de extrema importância para que, diferente de nossos dias, o casamento não seja encarado como algo tirado na sorte, uma espécie de jogo. 

 Hoje, quando mais uma vez sou chamado para trazer uma reflexão para a igreja, e agora especificamente sobre a temática da família, gostaria de retornar ao exemplo de vida de Isaque e Rebeca, a partir do texto que lemos, Gênesis 25.27-28, e do contexto próximo dessa passagem, para observamos “Algumas considerações sobre o casamento e a família”.

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Algo que me chama muito atenção na forma como as Escrituras Sagradas apresentam esses assuntos é a sua natureza prática, ou seja, a Bíblia, como ensina o apóstolo Paulo ao jovem pastor Timóteo (II Tm 3.16-17) e o próprio Moisés ao povo no Antigo Testamento (Dn 29.29), é um livro de instruções práticas para a vida do povo de Deus, não um livro de teoria. Da história de vida de Isaque e Rebeca, registrada em Gênesis 24.1-67, por exemplo, temos o privilégio de aprender alguns dos mais importantes passos que todo rapaz e moça cristã, em nossos dias, deveriam observar antes de se casarem; antes de dizerem sim um para o outro, antes de assumirem um compromisso.

Todavia, aqui nesta pequena passagem, contrariando todas as perspectivas de sucesso para o casamento de Isaque e Rebeca, tais como a providência de Deus na escolha de uma esposa para o seu servo Isaque, assim como a ação divina no ventre de Rebeca para que ela pudesse ser mãe, já que ela era estéril, o que vemos aqui é uma família completamente desestruturada. O contrário, portanto, daquilo que Deus sempre planejou para essa família. O que deu errado? Sem dúvida, encontrar respostas para essas questões é também encontrar a solução para o problema de muitas famílias na atualidade. É por isso que o meu convite aqui é para que façamos algumas considerações sobre a família e o casamento e que ao final dessas considerações possamos empregá-las em nossas vidas.        

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Primeiro, um casamento aprovado no céu pode ter sérios problemas na terra. Essa é uma verdade que não deveríamos desprezar. O casamento de Isaque e Rebeca é um vívido exemplo disso. Como se pode ver, esse fora um casamento extraordinário. Abraão não queria que Isaque se casasse com as mulheres de Canaã e, dessa forma, pede para que seu servo vá até a casa de seus parentes em busca de uma esposa para seu filho, Isaque. Quando olhamos para o desenvolvimento dessa história, vemos que Deus usara de misericórdia para com o servo de Abraão e concede uma esposa, Rebeca, para o seu filho Isaque (Gn 24.1-67). Contudo, como acabamos de ler em Gn 25.27-28 aquilo que fora aprovado no céu não estava dando muito certo na terra.

Isso, sem dúvida, confirma a nossa análise de que um casamento aprovado no céu pode ter sérios problemas na terra. Entretanto, por que as coisas na vida de Isaque e Rebeca não estavam dando certo? Poderia Isaque, a semelhança do que fez Adão, dizer que a culpa era da mulher que Deus havia lhe dado, pondo a culpa, dessa forma, portanto, no próprio Deus (Gn 3.12), mas, como ficará claro, no desenvolvimento de nossa reflexão, a culpa não estava em Deus, porém em Isaque e Rebeca que estavam literalmente transformando as benções de Deus em suas vidas em maldições. Não seria esse também o nosso caso?

Segundo, um casamento aprovado no céu precisa de manutenção - cuidados - aqui na terra. Essa é uma segunda verdade que todos os casados bem como aqueles que pretendem se casar um dia deveria observar, ou seja, tomar consciência de que não é apenas o namoro e o noivado que precisam de cuidados, mas também o casamento. O relacionamento de Isaque e Rebeca demonstra isso de modo muito claro num tipo de problema muito comum ainda em nossos dias: como gerenciar o casamento depois que os filhos nascem?

Pelo texto lido, bem como de seu contexto próximo, percebe-se que Isaque e Rebeca não souberam lidar com essa situação e a divisão se instalou no ceio de sua família. A divisão na família, contudo, contraria aquilo que Deus intenta para família e é um dos primeiros sintomas de que há falta de cuidados no casamento, ou seja, a falta de cuidados no casamento reflete na família. 

Como está seu casamento? Como está sua família? Você já identificou em que área eles estão precisando de manutenção?     

Terceiro, os maiores inimigos da família estão na própria família. Quando lemos o texto de Gênesis 25.27-28 ou mesmo Gênesis 27.1-46, traçando um paralelo com o capítulo 24 do mesmo livro, chegamos a uma conclusão óbvia, porém, em grande medida, rejeitada pela maioria das pessoas: o casamento e a família precisam de manutenção, cuidados. Quanto a isto é interessante destacarmos algumas questões: temos o costume de cuidar da casa quando no fim de ano lhe damos uma pintura nova. De modo semelhante cuidamos do corpo, quando nos submetemos aos exames de rotina.  Cuidamos também do carro quando a cada 5000 km o levamos para o mecânico fazer a revisão e substituição de algumas peças e óleo do motor. Cuidamos, muitas vezes, até dos animais quando não lhes deixamos faltar ração e outros cuidados básicos. Todavia, não são poucas as oportunidades que não damos atenção para os cuidados que o casamento e a nossa família necessitam. Esta é, sem dúvida, uma das principais causas da falência de muitos lares.        

Com base nisso, percebemos que os maiores inimigos da família estão na própria família. Com isto não se está querendo desprezar a gravidade dos problemas externos que a sociedade muitas vezes impõe a família, mas ressaltar que as maiores dificuldades enfrentadas por ela não são de natureza externa, mais interna. Pois, os verdadeiros problemas da família não estão do lado de fora, mas de dentro, no ceio familiar. São esses problemas, por sua vez, que desabilitam a família a superar todos os outros problemas de natureza externa.

Em outras palavras, os verdadeiros problemas da família passa pela disfuncionabilidade de seus integrantes. Isto é, cada integrante da família possui um papel. Quando esses papéis são invertidos ou perdem a sua função, a família passa a enfrentar dificuldades, a não atingir os seus objetivos como um conjunto. É justamente isto que vemos acontecer com muitas famílias, e de modo particular, estamos vendo isto hoje quando vemos em Gênesis a falência da família de Isaque e Rebeca.

Isaque deveria ser o cabeça de sua casa e Rebeca a edificadora do lar, mas, diferente disso o que a Bíblia nos mostra um quadro bem diferente:

A) Isaque é omisso. Ele era o grande responsável pela ordem na família. O cabeça do lar. O capital daquele barco. Por outro lado, ele também sabia dos erros de Esaú quando este desprezara o seu direito de primogenitura. Sabia da atitude de Jacó para com Esaú. Sabia também do partidarismo de Rebeca e de seu próprio partidarismo por Esaú, contudo, como indica a história, Isaque não toma as medidas necessárias a tempo para dar um fim a esta situação caótica. Ele deixara o barco de sua família afundar no mar dos problemas internos.

Muitas famílias hoje se encontram em estado de decadência porque a principal figura de autoridade deixou de exercer o seu papel. É interessante, neste sentido, destacar que a Bíblia, embora faça referência à mulher como edificadora do lar, não a coloca como cabeça. Portanto, a omissão de Isaque é ainda mais ampliada.  

B) Isaque perdera o discernimento espiritual. Ele não perdera apenas a visão física, mas também a visão espiritual para guiar a sua família. Essa sem dúvida é a qualidade que torna a família cristã distinta das demais famílias da terra. Contudo a família de Isaque perdera, por um tempo, essa característica. Sendo assim, Isaque procurava agora dirigir a sua família, não baseado nos princípios da palavra de Deus, mas por seus próprios métodos falíveis, simbolizados na passagem pelo paladar, olfato, tato e audição.

A semelhança de Isaque, não são poucas os pais que já desprezaram a muito tempo os princípios divinos para guiar as suas famílias. Contudo, os seus métodos falíveis têm jogado as suas famílias na lata do lixo.

C) Isaque se mostra egoísta. Esta é a característica que mais se aquilata no homem quando este está distante de Deus. E Isaque não é uma exceção. Abraão, por exemplo, antes de morrer, tratou de procurar uma esposa para Isaque. Este, quando pensava que ia morrer, estava olhando para o seu próprio umbigo. Preocupado em satisfazer os seus apetites. Não pensava no melhor para sua família. Muitas famílias não vão bem porque os interesses individuais sublimam o bem coletivo.   

A semelhança de Isaque, Rebeca também fora a responsável por muitos dos problemas em sua família, contrariando assim o seu papel de edificadora do lar (Pv 14.1):   

A) Rebeca contribuiu para que a mentira fizesse parte de sua família. Era especialista na arte de mentir e enganar. Transformava carne de cabrito em carne de caça; fazendo Isaque comer gato por lebre. Preparou Jacó para se passar por Esaú diante de Isaque. Mentiu ao seu marido quanto à verdadeira intenção de mandar Jacó a casa de Labão, seu irmão.

A semelhança de Rebeca muitas mães têm contribuído para que problemas encontrem espaço em suas casas e assim edificam seu lar sobre fundamento não sólido. O que você tem levado para dentro de sua casa?  A mentir? A inveja? A fofoca? A desconfiança?

B) Rebeca aprofundou a divisão em sua família. Já sabemos que esta era uma família dividida, visto que Isaque amava mais a Esaú, enquanto Rebeca amava mais a Jacó. Rebeca, a semelhança de Isaque não toma nem um tipo de atitude para cessar a divisão em sua família. Pelo contrário, suas ações só fizeram aprofundar a divisão em sua família.

Não são poucos ainda em nossos dias que não conseguem juntar; só espalham. Todavia, é bom que saibam, “Todo reino divido não subsistirá”, ensina Jesus.

    C) Rebeca provocou a ira e revolta em Esaú e deficiência de caráter em Jacó. A física nos ensina que não existe ação sem reação. As reações que as ações de Rebeca produziam em seus filhos são perceptíveis. Esaú ficara revoltado com a situação e irado com Jacó a ponto de querer matá-lo. Este, por sua vez, parecia não está preocupado com o certo, mas no que dá certo.

É interessante que seja este ainda um problema muito comum: o que as famílias, mais especificamente os país, tem projetado sobre os seus filhos? Muitos, infelizmente, tem deixado uma péssima sombra!   

D) Rebeca fora irresponsável. Talvez essa seja a principal característica de Rebeca e de muitos pais em nossos dias. Rebeca agiu, mas não mediu as conseqüências de suas ações. Quase provoca morte em sua família. Podia está até bem-intencionada. Mas, como nos ensina o ditado popular, só boa intenção não basta. É preciso agir também com responsabilidade. Como temos agido? Que Deus nos ajude a agir!

  Conclusão:

     Gostaria de encerrar essa reflexão, com base nas considerações que fizemos sobre família e casamento, com os seguintes pontos:

1) não basta começar bem é preciso terminar bem. Como podemos ver, numa simples leitura do capítulo 24 do livro do Gênesis, o início do casamento de Isaque com Rebeca fora uma benção. Deus operara de maneira tremenda, podemos assim dizer, para que este casamento se tornasse uma realidade. Este quadro, todavia, é completamente diferente daquele que encontramos poucos anos depois, uma família completamente desajustada, completamente fora dos projetos de Deus. Isto nos leva a dizer: não basta começar bem, é preciso continuar bem e terminar bem, pois, muitos, a semelhança de Isaque e Rebeca, começam bem, mas infelizmente não tem terminado bem.

2) prevenir é melhor do remediar. Não é facial restaurar um casamento, uma família. Exige-se muito esforço. No caso de Isaque e Rebeca deveriam reconhecer os seus erros e isso não é fácil. Nesse ponto destaca-se assim o valor da prevenção, isto é, não deixe que os pequenos problemas cresçam e se tornem quase sem solução.

 3) mantenha atualizado o plano de manutenção de seu casamento e família. Esta é uma conclusão lógica e direta do ponto anterior. Não podemos ser negligentes quanto a isto. Não deixemos, como fez Isaque, que os problemas ganhem proporções incontroláveis. Que não tenhamos mais domínios sobre eles. Para isto, como dito, é preciso ter atualizado o plano de manutenção de nossa família.

Que Deus nos abençoe! 

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